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Tipo de Mídia:
Texto
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Formato:
.pdf
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Tamanho:
1,32
MB
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Título: |
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Esfera pública à brasileira: uma possibilidade democrática e republicana |
Autor: |
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Elizabeth Maria Souto Wagner
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Categoria: |
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Teses e Dissertações |
Idioma: |
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Português |
Instituição:/Parceiro |
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[cp] Programas de Pós-graduação da CAPES
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Instituição:/Programa |
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IUPERJ/CIÊNCIA POLÍTICA (CIÊNCIA POLÍTICA E SOCIOLOGIA) |
Área Conhecimento |
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CIÊNCIA POLÍTICA |
Nível |
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Doutorado
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Ano da Tese |
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2009 |
Acessos: |
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627 |
Resumo |
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Este trabalho de tese busca um deslocamento das duas principais correntes
interpretativas do Brasil que atribuem ao patrimonialismo de origem ibérica portuguesa,
quer oriundo do Estado, quer da sociedade, ou melhor, de uma não sociedade, os
problemas do atraso e da exclusão brasileiros. Discutindo algumas questões da
modernidade, como a da privatização da esfera pública e a da predominância da razão
instrumental em tempos modernos, pretendo relativizar pontos importantes que
sustentam aquelas interpretações. É especialmente o referencial teórico de Gilberto
Freyre, que observa outros elementos, especialmente os referentes à tradição brasileira
de equilibrar antagonismos e aqueles relativos a uma outra forma, solidária, de
coordenação da sociedade, que me permite percorrer possíveis caminhos alternativos à
inviabilidade vaticinada pelas interpretações polarizadas entre Estado ou Sociedade,
ambos patrimonialistas, já que marcados pelo pecado original ibérico. Ajudam a compor
a referência teórica que me conduz na observação de uma possibilidade alternativa,
autores como José Guilherme Merquior, pelo seu argumento relativo a uma herança
ainda “encantada” de que desfrutaria o Brasil em tempos modernos contidos pela
racionalidade instrumental e Hannah Arendt pelo seu diagnóstico sobre a perda
moderna de fronteiras entre público e privado. Colocadas estas questões, penso ser
possível descortinar um potencial democrático e respublicano em nossa formação por
trás desta polarização que, de qualquer dos pólos, nos observa inviáveis por conta da
marca original ibérica que assim nos teria definido. Para evidenciar que não se trata de
potenciais perdidos em uma tradição holística passada, apresento uma série de conflitos
que permearam a nascente modernização brasileira, muitos manifestos de forma
bastante radical, suficientes para esclarecer que não foi fácil o percurso para equacionalos
negociando, ou, equilibrando antagonismos e que, muito menos, foram estes
conflitos dissimulados em um todo holístico aglutinador pré-moderno. Feito este
percurso singular da modernização brasileira, são abordadas algumas experiências
muito concretas da vida política brasileira, expondo uma efetiva capacidade de diálogo
e negociação, quando foi possível ampliar o demos participante, bem como estabelecer
acordos e compromissos definidos de maneira pluralista. Acordos e compromissos que
viabilizaram significativas reformas e até mesmo possibilitaram rupturas radicais, pela
via negociada, como o foi a realizada pelo processo abolicionista. As experiências do
processo abolicionista, da campanha civilista, e de “democracia com povo”, conceito
que utilizo para efeitos de discernimento em relação ao muito elástico conceito de
populismo, com Pedro Ernesto, prefeito do Rio de Janeiro, Juscelino Kubitschek e João
Goulart, são interpretadas como experiências de reconciliação com a matriz ibérica
portuguêsa equilibradora de antagonismos e fortalecedora de laços sociais solidários, e,
por esta razão, capazes de, democraticamente, acolher mais participantes no âmbito
público de decisão política e, ao mesmo tempo, produzir um ambiente institucional com
normas pluralista e republicanamente pactuadas. Desta forma, estaríamos diante de
experiências em que teriam se realizado os potenciais democráticos e republicanos
inscritos em nossa matriz ibérica, o que me autoriza, inclusive, sugerir a possibilidade
de uma esfera pública à brasileira, moderna e também democrática e republicana, a
rivalizar com uma outra matriz, esta sim excludente e autoritária que, avalio foi
inaugurada com a Primeira República e que se tornou hegemônica na experiência
brasileira do período que chamamos republicano. |
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